segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Odores

E pronto mais um natal que passou, a mesma rotina de sempre, a crise ainda mais profunda mas em contrapartida, mais centros comerciais, mais pessoas e mais compras.

A novidade para mim este ano foi o facto de pela primeira vez ter despachado as minhas compras com duas semanas de antecedência.

E foi numa dessas incursões pelas lojas que descobri um local bastante útil nos centros comerciais e cuja função desconhecia. Falo das lojas de perfumes.

Muitos de vocês – dois ou três mas para mim são imensos… – estarão nesta altura a questionar-se como uma loja de perfumes pôde passar-me despercebida durante muito tempo e porquê só agora descobrir a sua função. Acontece que a função a que eu me refiro, não é a mesma que estarão a pensar e que é muito provavelmente a de vender perfumes. Pois, mas não é.

A função que me refiro resume-se a um local de descontracção e libertação, quase no sentido poético de uma casa de banho – que o têm – mas bastante mais digna. Confuso? Já vão perceber.

Imaginem que têm a excelente ideia de ir comer a um restaurante indiano pouco tempo depois de devorar um hambúrguer e após o fazerem, retomam as compras de natal. Em pouco tempo começam a ouvir sons estranhos provenientes dos vossos estômagos, confusos em distinguir a mostarda da pimenta. Estão com a vossa namorada ou namorado e têm medo de libertar um verdadeiro gás pimenta que vos recambie novamente para uma vida solitária e própria de alguém com muito tempo na mão direita.

Ao mesmo tempo a indignação do vosso estômago alastra-se aos intestinos e para além da sensação de estarem em Nova Deli em pleno verão com um sobretudo de lã, apercebem-se de uma ligeira pressão descendente na barriga. O que fazer?

Subitamente apercebem-se que à vossa esquerda está essa útil loja dos perfumes com aquelas senhoras que não vos largam enquanto não vos impingirem um pequeno frasco de quase 200 €. Resolvem entrar com a vossa namorada e decidem tratar do assunto ali mesmo, algures entre a prateleira de Dior e Hugo Boss. O resultado é um mero suave aroma furtado para o podre mas muito mais subtil do que seria em condições normais e com a convicção que Bin Laden podia testar ali as suas armas biológicas sem perigo para a saúde pública.

A boa notícia é que salvaram uma relação e não estragaram o Natal a mais ninguém que não tivesse o azar de não ter o nariz entupido de ranho.

A má noticia é que a vossa cara-metade não larga o sacana do frasco de 200€.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Torturar acamados

Ahh… o Natal, está quase aí meus amigos, está quase…

E como sabemos isso? Não, não é pelo 13º mês porque esse para muitos não existe e para quem o tem já foi no início do mês para pagar as contas. Também não é pela iluminação das ruas porque a julgar por algumas cidades já estávamos mas era no carnaval. E também não é pelas campanhas de natal porque para isso o Natal tinha sido em Setembro.

Sabemos, porque ontem aconteceu algo que na minha opinião devia vir marcado sob a forma de um feriado santo, nos calendários de parede com aquele Ferrari – o único que provavelmente vamos ter na vida, pelo menos até nos oferecerem um novo calendário –, um gato, um cão ou ainda uma mulher nua caso o leitor seja camionista. Refiro-me como é óbvio, ao Natal dos Hospitais.

Infelizmente não pude ver por estar a trabalhar, mas vi um excerto de uma das músicas que se ouviram por lá e era qualquer coisa de surreal e não, não me refiro ao Michael Carreira pois o seu cabelo já é suficientemente aterrador recordando fantasmas antigos como Marco Paulo.

Acontece que tínhamos uma audiência de pessoas incapacitadas fisicamente como pessoas acamadas, outras de cadeiras de rodas e algumas paraplégicas e essa música tinha excertos lindos e poéticos tais como: “Já não consigo amar” (até aqui tudo bem, a Elsa Raposo dizia o mesmo à alguns meses, agora coisas como: ), “adoro correr pela praia”, “caminhar pelas ruas”, “saltar”, “pular”… é impressão minha ou o cantor estava a gozar com a audiência… é que não lembra a ninguém ir-se a uma festa de natal da ACAPO dissertar acerca da cor das flores, como é bom ver filmes e olhar o céu azul…

Pah, não sei, parece-me de mau gosto… mas vendo bem as coisas, o pior continua mesmo a ser as músicas do Michael Carreira… é que nós ainda podemos cortar os pulsos mas a maioria daquelas pessoas têm mesmo de ouvi-lo e a isto meus amigos, eu chamo tortura...

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Manifestações - parte 2

Ora biba meus caros, antes de mais e como prometido, uma palavra para a Inês em relação ao meu último post.

Primeiro, dizer que tentei ver se esta coisa da ministra andar em guerra com os professores acabava depressa para poder responder devidamente ao teu comentário de uma forma sossegada mas pelos vistos, por este andar, mais depressa a ministra deixa de usar granadas para se pentear de manhã cedo, do que iremos ver nos próximos tempos os dois lados a fumar o cachimbo da paz.

Aliás, eu temo que essa seja a única forma de resolver as coisas, sendo que é necessário que uma das facções substitua o tabaco por gás mostarda ou pior ainda gás sarin. Pensem nisso senhores, pensem nisso… pessoalmente não tenho gás mostarda mas consigo fazer gases a partir de duas ou três bisnagaras de mostarda, sendo que em relação ao sarin é mais complicado mas tenho uns amigos meus em Tóquio que costumam brincar com isso no metro.

Portanto, aqui vai a minha tão esperada extensa resposta ao teu comentário… eh pah, estava a brincar, aquilo foi um conjunto de piadas tontas e a única opinião que tenho acerca dos funcionários públicos é que a reputação não apareceu por acaso e quando ninguém os avaliava era um festa, quer fosse a ler a Ana atrás do balcão das finanças ou um Tetris numa secretária da segurança social e em relação a professores, todos nós temos histórias incríveis sobre professores que a única coisa que nos ensinavam era o quão bom era estar em casa a ver a Rua Sésamo e acreditem, eu aprendi muito mais a ver a Rua Sésamo do que em algumas aulas.

E posso-te dizer que tive um professor de inglês que ficou conhecido pelo “ane, tu, tri”. Porquê? Porque era assim que ele contava até três numa língua que viemos a descobrir mais tarde que era inglês…

É evidente que todos nós também temos memórias de professores fantásticos e que muito nos marcaram pela positiva mas isto de colocar tudo no mesmo saco é relativo, sendo certo que se os bons profissionais forem em menor número, a opinião sobre a coisa vai certamente ser má por causa dos maus, o que diz muito do estado deste país.

Julgo que o problema é o corporativismo que protege o que há de mau numa classe em vez de tentar aumentar a sua qualidade. Se os senhores professores se tivessem juntado antes para propor um modelo a coisa tinha corrido melhor. Mas não, estava-se bem… pois era.

E do outro lado temos a ministra que na falta de melhor diz uma coisa fantástica… “podemos até avaliá-los mal, mas vamos avaliá-los…” só tenho pena que as granadas que ela usa para se pentear não rebentem com aquele cérebro. Mas também é difícil, os fragmentos passam sempre ao lado da ervilha… do cérebro.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Bebés

Cá estou eu com um tema que deixará muita gente a pensar "Olha estes larilas....". Com todo o respeito pelo seu comentário e como bem educado que sou respondo "Larilas o quê, oh palhaço(a)???".

No entanto, e antes de que pense que vou falar das figuras ridículas que o ser humano faz perante estas criaturas que serão o futuro, quero dizer que não o vou fazer, se bem que falar do modo "cuchicuchi....quem é o bebé mais lindo??" quando apenas só existe só um bebé parece me um pouco ridículo.

A minha teoria que está associada a estes indivíduos que cheiram a pó de talco e a cremes para não "assar" o rabo durante todo o dia, é que são uns verdadeiros seres interesseiros. Não se interessam se a mãe está bem, se o pai está estável a nível de emprego, se a família consegue assegurar as suas necessidades financeiramente, apenas sabem que não estão bem e pumba....toca a chorar!! Nem se querer olham em redor a ver se estão em local público que possa incomodar os restantes frequentadores do mesmo espaço.

E digo interesseiros porquê?? Porque eles são extremamente audazes e perspicazes. Eles quando tiveram fome choraram, viram que alguém os acudiu e ficaram consolados, então descobriram o truque para as suas manhas...Por isso é que aprendem a falar tão tarde, não precisam de saber, basta chorar!!

E depois como são pequeninos e fofinhos toda a gente os ajuda. Eu ainda há uns tempos tentei fazer isso em casa. Acordei de manhã cedo e estava coma certa necessidade de comer (tinha fome), e pus-me a fazer aquele choro irritante sem lágrimas a ver se me vinham acudir, mas sem sucesso. E ainda por cima quando me levantei e encontrei a minha mãe ainda me disse "tavas aos berros feito parvinho porquê?".

Têm a sua própria comida, têm a sua própria cama, têm a sua própria higiene pessoal e tudo sem mexerem uma palha e sem se preocuparem minimamente com isso.

São ou não são uns interesseiros??

Saudações e divirtam-se ;)