Bons dias meus caros.
Desta vez, venho falar-vos de um telefonema. Muito provavelmente o mais surreal e sinistro de que tenho memória. Aconteceu este fim-de-semana e envolveu uma seguradora, para a qual trabalha uma simpática senhora que, pela mente doentia e um desejo estranhamente sequioso por uma boa desgraça envolvendo o alheio (eu!!), deve passar demasiadas horas atrás do balcão a ver aqueles canais temáticos que passam a pente fino as grandes tragédias da humanidade, enquanto lambe sensualmente um gelado de morango, sorrindo com os olhos esbugalhados perante a carnificina.
A referência ao gelado de morango foi para dar um ar erótico à coisa...
Pois bem, passemos então ao conteúdo da famigerada conversa...
Após o tradicional "Olámuitobomdia, omeunomeéblabla, comoestá?" (a ausência de espaços não é um erro, acontece que estas pessoas desconhecem que se deve prenunciar uma palavra de cada vez), fez uma pausa para recuperar o fôlego e começou a dar-me a conhecer um produto que consistia num seguro de saúde que tem a particularidade de, basicamente, dar dinheiro em troca de uma agradável estadia no Hospital. Quer dizer não é exactamente assim, temos de estar mesmo dolorosamente incapacitados para receber alguma coisa, que vai do simples bazar de uma vista, obrigando-nos a um ou dois dias de internamento até uma rótula dobrada ao contrário ou mesmo a espinha partida... nesse caso a seguradora já é mais generosa. E não se iludam, o tom da proposta é mesmo este, ou seja, a senhora faz-nos desejar ter aquele seguro e numa hora de aflição atirar-nos de um penhasco na esperança de sobrevivermos com o máximo de ossos partidos. É como um prémio pela desgraça.
Mas se até aqui já estava fascinado e com vontade de ir para o Vietnam em plena guerra com os EUA com uma t-shirt do tio Sam, depressa fiquei descançado por não ser obrigado a entrar numa máquina no tempo, recuar uns anos e apanhar o metro para Hanoi.
A determinada altura perguntou-me se conduzia e eu, a ver se despachava a questão logo ali, respondi que sim, mas que actualmente andava de transportes públicos.
Ora ela não se ficou e depressa ripostou dizendo: "mas sabe que nos transportes públicos também ocorrem acidentes..." ao que eu respondi: "sim, sim... mas acontece que eu ando muito de metro e comboio e felizmente não estamos na Índia". Ela concordou mas quando eu já me preparava para aliviadamente desligar o telefone, ela contra-ataca: "Mas sabe que pode ser atropelado por outro comboio na estação ou por um autocarro à saída do metro..."
Respirei fundo, calmamente e enquanto limpava o suor da minha testa dos nervos, recuperei a voz e disse serenamente: "minha senhora, obrigado mas não estou interessado..." e desliguei com medo que dali a alguns segundos me caísse a casa em cima ao som de uma gargalhada do outro lado do telefone.
Consta que esta senhora estará neste preciso momento atarefada a ligar para Itália, enquanto saboreia calmamente um Chupa-Chups afrodisíaco de canela e que procura incessantemente na net o último dvd do SAW, edição especial - banhada a sangue.
Desta vez, venho falar-vos de um telefonema. Muito provavelmente o mais surreal e sinistro de que tenho memória. Aconteceu este fim-de-semana e envolveu uma seguradora, para a qual trabalha uma simpática senhora que, pela mente doentia e um desejo estranhamente sequioso por uma boa desgraça envolvendo o alheio (eu!!), deve passar demasiadas horas atrás do balcão a ver aqueles canais temáticos que passam a pente fino as grandes tragédias da humanidade, enquanto lambe sensualmente um gelado de morango, sorrindo com os olhos esbugalhados perante a carnificina.
A referência ao gelado de morango foi para dar um ar erótico à coisa...
Pois bem, passemos então ao conteúdo da famigerada conversa...
Após o tradicional "Olámuitobomdia, omeunomeéblabla, comoestá?" (a ausência de espaços não é um erro, acontece que estas pessoas desconhecem que se deve prenunciar uma palavra de cada vez), fez uma pausa para recuperar o fôlego e começou a dar-me a conhecer um produto que consistia num seguro de saúde que tem a particularidade de, basicamente, dar dinheiro em troca de uma agradável estadia no Hospital. Quer dizer não é exactamente assim, temos de estar mesmo dolorosamente incapacitados para receber alguma coisa, que vai do simples bazar de uma vista, obrigando-nos a um ou dois dias de internamento até uma rótula dobrada ao contrário ou mesmo a espinha partida... nesse caso a seguradora já é mais generosa. E não se iludam, o tom da proposta é mesmo este, ou seja, a senhora faz-nos desejar ter aquele seguro e numa hora de aflição atirar-nos de um penhasco na esperança de sobrevivermos com o máximo de ossos partidos. É como um prémio pela desgraça.
Mas se até aqui já estava fascinado e com vontade de ir para o Vietnam em plena guerra com os EUA com uma t-shirt do tio Sam, depressa fiquei descançado por não ser obrigado a entrar numa máquina no tempo, recuar uns anos e apanhar o metro para Hanoi.
A determinada altura perguntou-me se conduzia e eu, a ver se despachava a questão logo ali, respondi que sim, mas que actualmente andava de transportes públicos.
Ora ela não se ficou e depressa ripostou dizendo: "mas sabe que nos transportes públicos também ocorrem acidentes..." ao que eu respondi: "sim, sim... mas acontece que eu ando muito de metro e comboio e felizmente não estamos na Índia". Ela concordou mas quando eu já me preparava para aliviadamente desligar o telefone, ela contra-ataca: "Mas sabe que pode ser atropelado por outro comboio na estação ou por um autocarro à saída do metro..."
Respirei fundo, calmamente e enquanto limpava o suor da minha testa dos nervos, recuperei a voz e disse serenamente: "minha senhora, obrigado mas não estou interessado..." e desliguei com medo que dali a alguns segundos me caísse a casa em cima ao som de uma gargalhada do outro lado do telefone.
Consta que esta senhora estará neste preciso momento atarefada a ligar para Itália, enquanto saboreia calmamente um Chupa-Chups afrodisíaco de canela e que procura incessantemente na net o último dvd do SAW, edição especial - banhada a sangue.
1 comentário:
....é este o mal da democracia. Por favor aprendam a pensar, e, depois, a escrever, se realmente acharem que o devam fazer. Meu dEUS.......!
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