Passou-se que, na sexta feira à noite vi um dos blocos de notícias mais bizarro que me lembro. Como seria de esperar, o tema forte desse dia era claro está, a nossa Revolução dos Cravos.
O jornalista deu um salto até à praia, onde as pessoas comemoravam de forma efusiva e refrescante a democracia, utilizando para isso o elemento pilar da democracia e que é: o poder de escolha... de ir para a praia em vez de ficar em casa a ver o parlamento e ouvir assim, animadíssimos discursos.
A determinada altura, o jornalista teve a ousadia e a coragem de fazer perguntas difíceis às pessoas, sendo que a mais lixada era: O que se comemora neste dia?
Ora, as respostas foram de um tal calibre, que eu não resisti a transcreve-las e dessa forma partilhar convosco esta preciosidade.
A primeira resposta foi de um miúdo e é um clássico. Também eu já a dei quando era petiz:
“Não há escola...”
Está certo, é verdade e não há como contornar isso, ele de facto está a festejar isso. Correcto, vamos à seguinte, uma senhora:
“É o dia dos cravos”
Cuidado, dito assim parece uma referencia aos desgraçados que têm uma pele enfeitada com cravos, espinhas e impurezas. Depois, segundo as tradições dos nossos avós, lá temos de ir mostrar o rabo ao São Gonçalo, para os cravos desaparecerem.
“Foi o dia da Revolução”
Pode ser mais específico? Revolução Indústrial, Intestinal... existem várias.
Seguem-se as minhas frases preferidas:
“O que foi... olhe, não lhe sei dizer”
E nós, sabemos?
“só sei que é dia 25 de Abril, não sei se é em Cabo Verde o dia da Independência...”
Não, esse é no dia 5 de Julho
“Foi no dia em que foi a independência para toda a gente”
Menos no Kosovo
“A independência de Portugal”
De quem?
“A independência de Portugal, já não houve a dita Guerra”
Mas qual Guerra?
“Foi a primeira guerra mundial de Portugal”.
Ah, essa guerra... cabeça a minha... como me fui esquecer!
A culpa disto? É nossa. Quem nos mandou fazer uma Revolução com armas a servir de jarra para flores? E feridos? Nem uma unha encravada, nem diarreia, nem um pêlo encravado com pus para a malta espremer e depois andarem feridos a sangrar, nada...
Como queriam que a malta se lembrasse daquilo. Como queremos ser um país a sério?... assim não dá.
p.s.: as respostas são mesmo verídicas e podem confirmar, revendo a segunda parte do Telejornal desse dia em www.rtp.pt