A novidade para mim este ano foi o facto de pela primeira vez ter despachado as minhas compras com duas semanas de antecedência.
E foi numa dessas incursões pelas lojas que descobri um local bastante útil nos centros comerciais e cuja função desconhecia. Falo das lojas de perfumes.
Muitos de vocês – dois ou três mas para mim são imensos… – estarão nesta altura a questionar-se como uma loja de perfumes pôde passar-me despercebida durante muito tempo e porquê só agora descobrir a sua função. Acontece que a função a que eu me refiro, não é a mesma que estarão a pensar e que é muito provavelmente a de vender perfumes. Pois, mas não é.
A função que me refiro resume-se a um local de descontracção e libertação, quase no sentido poético de uma casa de banho – que o têm – mas bastante mais digna. Confuso? Já vão perceber.
Imaginem que têm a excelente ideia de ir comer a um restaurante indiano pouco tempo depois de devorar um hambúrguer e após o fazerem, retomam as compras de natal. Em pouco tempo começam a ouvir sons estranhos provenientes dos vossos estômagos, confusos em distinguir a mostarda da pimenta. Estão com a vossa namorada ou namorado e têm medo de libertar um verdadeiro gás pimenta que vos recambie novamente para uma vida solitária e própria de alguém com muito tempo na mão direita.
Ao mesmo tempo a indignação do vosso estômago alastra-se aos intestinos e para além da sensação de estarem em Nova Deli em pleno verão com um sobretudo de lã, apercebem-se de uma ligeira pressão descendente na barriga. O que fazer?
Subitamente apercebem-se que à vossa esquerda está essa útil loja dos perfumes com aquelas senhoras que não vos largam enquanto não vos impingirem um pequeno frasco de quase 200 €. Resolvem entrar com a vossa namorada e decidem tratar do assunto ali mesmo, algures entre a prateleira de Dior e Hugo Boss. O resultado é um mero suave aroma furtado para o podre mas muito mais subtil do que seria em condições normais e com a convicção que Bin Laden podia testar ali as suas armas biológicas sem perigo para a saúde pública.
A boa notícia é que salvaram uma relação e não estragaram o Natal a mais ninguém que não tivesse o azar de não ter o nariz entupido de ranho.
A má noticia é que a vossa cara-metade não larga o sacana do frasco de 200€.